"Love in these modern times
There'll be someone new every night
With some other love yarn
To wrap my harms around..."
Tudo começa com uma foto.
Hoje em dia nós, os introspectivos, temos essa arma poderosa para conhecer pessoas, os aplicativos, o que uns anos atrás era o tal “chat (do BOL, do UOL, do Terra [Até a TIM já teve algo parecido, quem se lembra do ‘Blah!’?)”. Um cardápio do mais variado de pessoinhas querendo entrar em contato com outras pessoinhas para diversos (ou nem tanto) fins. Eu nunca fui muito fã, essas coisas que viram moda eu costumo demorar para me acostumar, até a curiosidade ser maior que eu e não ter como me render.
Então selecionemos nossas melhores fotos, escrevamos um texto bonito e bola pra frente. Aí vai a sessão de curtidas, não curtidas, gostar, não gostar, gostar pra caramba. Mas quando os dois se gostaram, opa, a “combinação” aconteceu, pare o mundo porque rolou um match!
_ Oi.
_ Oi.
_ Tudo bem?
_ Tudo. E contigo?
_ Tudo também.
Não tem nada mais desconfortável do que conversar com uma pessoa nova. Você adora? Provavelmente você não é introspectivo. Se você em algum momento já foi considerado grosso por não dar oi ou bom dia a todos ao redor, se você sempre odiou quando o professor mandava fazer prova em dupla ou trabalho em grupo pois você era o último a encontrar um grupo pra si, você sabe do que eu estou falando. Talvez essa seja uma boa forma de começar uma conversa “Olá, tudo bem? Sou introspectiva, se eu não te responder é porque fiquei com medo de dizer alguma besteira e você me achar uma idiota”, mas corre o risco de você ser idiota já aí. Se você ainda for como eu e somar um pouco de ansiedade e depressão a essa equação, esses aplicativos viram um palheiro, e você deve saber o que dizer sobre encontrar uma agulha dentro de um.
Perdi a conta de com quantas pessoas já falei e quantas eu realmente conversei, mas conversas que duraram mais de uma semana não devem chegar a dez, quinze no máximo. O que falar para fazer você parecer interessante? Como manter a conversa fluindo? Outro dia falei a um rapaz de um aplicativo “Fui ao cinema, assisti a um filme legal” e só recebi com resposta um belo “Hmmm”. Existe resposta depois disso? Uma das grandes reclamações que vejo nos perfis é sobre as pessoas não levarem as conversas adiante. “Não sei por que fazem um perfil se não querem conversar”, dizem. Minha parcela de culpa está aí. Se após eu discursar sobre o céu, a Terra e as estrelas a pessoa responde somente com “Entendi”, kkk ou hahaha, eu juro que não sei o que responder depois. Fico com vergonha e entro para a estatística de mais uma que deixou de conversar. E se a pessoa realmente queria terminar a conversa aí? Uma vez até ousei perguntar para alguém que eu tinha mais intimidade "O que se responde depois desse kkk" e a resposta foi direta, como a minha pergunta: Nada, era justamente para acabar o assunto que falei isso. Criou-se um trauma, senhoras e senhores.
Como é que introspectivos se reproduziram até hoje? Em cativeiro? Onde está aquele livro de regras sobre como um introspectivo paquera? Esses dias Debora Secco divulgou como conheceu seu marido, curtindo suas fotos antigas nas redes sociais, conversando com ele e do nada ela fala “Você vai ser o pai dos meus filhos”. Ela deveria escrever esse livro! Um “Playbook: O Manual da Conquista” para introspectivos. Ou quem sabe ela considere vir aqui para me ajudar, gosto de um rapaz e não posso evitar me sentir idiota toda vez que falo com ele (E ele também é do grupo dos que terminam a conversa com “kkk”). Ela seria um Barney Stinson para todos nós. (Não sabe quem é o Barney? Ele certamente não é introspectivo). Considere a possibilidade, Debora.
Mas tem aqueles que se diferenciam, claro que tem. Só são difíceis de encontrar. Ou difíceis de manter, talvez. Que já começam a conversa perguntando se você sabe por que um corvo se parece com uma escrivaninha. Que fazem você esquecer de sentir vergonha de estar no meio de um palheiro procurando uma agulha. E, quem sabe, façam você sentir ser a agulha que alguém estava procurando.