terça-feira

São Valentim

_ Procure um idiota que finja que gosta de você por algum tempo, aí você vai saber o que é namorar.
_ Ao menos você fingiu bem.
_ Não, eu gosto de você.

Quando eu li essas palavras, fiquei muito confusa. E chega a ser engraçado que esse grande "conselho furado" tenha vindo de um cara que detesta namoros. E ainda sim não deixamos de ter nosso tempo bom juntos. Afinal, apesar de toda a tentativa e relutância de não se apegar, ele gostava de mim. E eu, bem, quando vi, já não sabia mais como tirar ele da cabeça.
Fato curioso, eu nunca namorei. Não acho que seja tão curioso, conheço mais pessoas nessa mesma situação, mas causa estranheza a outras tantas por aí. Nunca flertei com alguém por muito tempo, nunca fui pedida em namoro (eu pedir, muito menos, sempre fui muito tímida para isso), eu fazia mais o estilo gostar calada do menino na escola e me tremer toda quando ele fica do meu lado. Nunca me achei "bonita para isso" (chega a ser um absurdo esse pensamento hoje em dia), eu sempre pensei que só as populares da sala de aula é que namoravam. Bem, uma dessas lindas populares da sala de aula chegou até a vencer o Masterchef. Mas isso é assunto para outro texto.
Toda essa falta de base para se ter um relacionamento com outro alguém me fazem construir uma visão alternativa do assunto. Para mim, namoro é você entrar em consenso com a pessoa na sua frente de que você gosta dela e não quer perde-la assim tão fácil. É cumplicidade. Não precisa ter a obrigação de estar na casa um do outro todo fim de semana, não precisa passar relatório de onde estava e com quem, ou ligar todas as noites para dizer "Desliga você". Não precisa nem ao menos usar a nomenclatura namoro. É um relacionamento, companheirismo, sei lá. É aquela ficada que vale a pena repetir uma vez E outra. Se você olha nos olhos da pessoa e esquece do mundo ao redor, esquece até de que estava chateada com ela, é isso. Não precisa de muito além.

Quando eu era adolescente, eu comprei uma vez ou duas uma rosa no dia dos namorados. Era uma simbologia para mim, eu sou bem vidrada nisso. Uma ideia simples e boba de que pode ser que eu não use uma aliança no dedo para dizer para a sociedade que "pertenço" a alguém, mas não quer dizer que meu coração não estivesse em outros lugares. Poderia estar naquele bom dia animado de um lado ou no sorriso mais querido de outro. No fim do dia, uma dessas vezes, entreguei a rosa ao rapaz que mais me fazia sorrir na época e ele ficou tão contente. Tinha valido a pena. E no final das contas, a intenção da data não é essa, fazer uma pessoa contente?

Mais um Dia dos Namorados chega e hoje, no meio dos meus 20 e poucos anos, pode ser que as coisas sejam um pouquinho diferentes dos meus 17 quando comprei aquela rosa. Aprendi a entender. Graças um pouco à ajuda daquele velho loiro que detesta namoros, e hoje também à ajuda do morenão que bebe todos os dias para celebrar sua solteirice. Quem sabe, ano que vem, eu entenda um pouco mais ou veja que hoje eu não entendo nada. Mas viemos ao mundo para aprender, não?