quinta-feira

Meu Medo

Acordo no meio da noite com um salto e um grito preso entre os lábios. Meu coração dispara como louco, fazendo doer o peito, então inconscientemente levei a mão à região como se conseguisse de alguma forma acalmá-lo com os dedos. Lágrimas grossas caíram de teimosas no meu rosto, sem ao menos meu cérebro processar o que estava acontecendo. "Foi só um sonho. Foi só um sonho". Mas, juro, não pareceu. Na verdade eu estava tão absorta no sonho que até o ar me faltava.
Fecho os olhos e tento relembrar a ordem dos eventos que me tiraram a paz. As imagens já começavam a me fugir da mente, porém a dor ainda parecia a mesma. Com a mão no colchão e começando a perceber o mundo ao meu redor, vejo a luz avermelhada do Blu-ray anunciando ser mais de 2h. Tudo escuro e o silêncio só é quebrado com a respiração pesada do meu lado. Ainda bem que não o acordei. Aliás, como foi que não o acordei? Meu susto, pelo jeito, não conseguiu ser maior que o seu sono. E ver aquele rosto desmaiado de sono, parecendo uma criança inocente, me faz sorrir com um pensamento besta de que mesmo o sonho sendo tão ruim como foi, tudo o que eu precisava era acordar e o olhar dormir. "Que bom que você está aqui", sussurro e, com a ponta dos dedos, passo a mão em seus cabelos negros. É incrivelmente lindo. O sonho já me parecia irrelevante.
Parte de mim quer acorda-lo para pedir que me abrace, mas não é certo. Então eu volto a deitar e passo a mão ao redor do seu corpo. Beijo a lateral do seu rosto e não resisto a entrelaçar meus dedos nos seus. "Eu te amo", sussurro. De alguma forma, já posso voltar a dormir.
Olho novamente seus olhos fechados e espero meu sono vir. E no escuro do quarto o ar me falta de novo, o medo volta e acordo com um salto e um grito solto que ecoa por todos os lados. O coração disparado, a mão no peito, a dor. Fecho os olhos. "Foi só um sonho". Passo a mão ao meu lado na cama e está vazio. Aí então as lágrimas. Foi tudo um sonho.